segunda-feira, janeiro 15, 2007

Desânimo na sala de aula, editorial da Folha de SP

Uma legião de 1,7 milhão de jovens brasileiros entre 15 e 17 anos está fora da escola. Abandonaram as aulas por falta de vontade de estudar.

Análise do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostra que 40% dos jovens fora da escola a deixaram por desinteresse. A busca de emprego vem em segundo lugar (17%).

Por mais que se matizem os dados – não se pode excluir, por exemplo, uma soma de dois ou mais fatores para explicar a evasão –, o diagnóstico de que a escola "é chata" é indisputável.

Despontam aqui duas ordens de problemas.

Há aqueles mais marcadamente acadêmicos, como a repetência e a sensação de não aprender nada "útil", e outros com maior interface social, mas que também resultam em evasão, a exemplo de desemprego na família, gravidez na adolescência.

É preciso atacá-los todos.

Só que mudanças de envergadura exigirão medidas no campo acadêmico, as quais políticos relutam em adotar. Um sistema bem feito de progressão continuada ajudaria a baixar os índices de repetência.

Remunerar de forma diferenciada docentes e diretores cujos alunos se saiam melhor seria uma fonte de estímulo à excelência no sistema.

Também os "curricula" cobram há tempos uma ampla revisão. Tenta-se ensinar coisas demais aos jovens, perde-se o foco, e o resultado é fracasso.

Pelo menos nos anos iniciais, é preciso concentrar-se nas ferramentas básicas – português e matemática –, que mais tarde permitirão ao estudante assenhorear-se das demais ciências.

O fato, incontestável, é que a educação vai mal, e algo precisa ser feito. Um sistema que deixa escapar entre os dedos 16% dos alunos mais velhos precisa de reparos urgentes.
(Folha de SP, 14/1)

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